FERREIRA DE CASTRO
(Oliveira de Azeméis, Portugal, 1898 - Porto, 1974)
Escritor
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Órfão
de pai aos 8 anos, emigrou para o Brasil em 1911, tendo trabalhado num seringal
na Amazónia. De regresso a Portugal em 1919, fixa-se em Lisboa.
Precursor
do neo-realismo, as suas obras, arrancadas à vida impõem-se pela compaixão com
os humildes e oprimidos.
Algumas das suas obras: Emigrantes, A Selva, Eternidade, A
Tempestade, As Maravilhas Artísticas do Mundo, O Instinto Supremo, Os
Fragmentos.
in”Grande Livro dos Portugueses”
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FERREIRA
DE CASTRO:
«Desejaria ficar sepultado à beira de uma dessas poéticas veredas que
dão acesso ao Castelo dos Mouros sob as velhas árvores românticas que ali
residem e tantas vezes contemplei com esta ideia no meu espírito. Ficar perto
dos homens, meus irmãos, e mais próximo da Lua e das estrelas, minhas amigas,
tendo em frente a terra verde e o mar a perder de vista – o mar e a terra que
tanto amei.»
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Viajar
Para conhecer o mundo viajamos,
tocamos pedra a pedra a calçada
e para nos conhecermos, onde vamos,
qual é o rio, o mar, a estrada?
tocamos pedra a pedra a calçada
e para nos conhecermos, onde vamos,
qual é o rio, o mar, a estrada?
Assim fizeste com todos os sentidos,
criando gestos e palavras quando a voz
faltava ao próprio mundo, e já perdidos,
contavas em viagem à volta de nós.
criando gestos e palavras quando a voz
faltava ao próprio mundo, e já perdidos,
contavas em viagem à volta de nós.
Ainda mal chegado, já estavas de saída,
e, por aí fora, um dia, um mês, um ano,
até que a missão fosse concluída.
e, por aí fora, um dia, um mês, um ano,
até que a missão fosse concluída.
E que nos deste desse teu labor insano,
senão obra universal de amor à vida,
palmo a palmo, um hino ao valor humano?
senão obra universal de amor à vida,
palmo a palmo, um hino ao valor humano?
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