segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

JOHAN ANDREAS DÈR MOUW – Sou Bramanista. Mas Estamos sem Criada



JOHAN ANDREAS DÈR MOUW
(Países Baixos, 1863 – 1919)
Poeta, filósofo

***

SOU BRAMANISTA. MAS ESTAMOS SEM CRIADA

Em casa faço aquilo que inda sei fazer:
Largar as águas e em seguida a jarra de encher;
Mas não há toalha e fica a água derramada.

Não é tarefa de homem isso, me diz ela,
E eu sinto-me sem jeito e até mo levo a mal,
Ao ver pagar co'as maravilhas da panela
O modo aselha que é o meu habitual.

E não me canso de louvar a Quem se alarga
Em luz do mundo, em artes e em saber:

Sempre que a malga das papas ela me traga,
E eu veja as pontas dos dedos dela a fender,

sinto uma mesma, uma única adoração
por Bach, o Sol e Kant e os calos dessa mão.



Tradução: Fernando Venâncio
in “Uma Migalha na Saia do Universo” - Antologia da Poesia Neerlandesa do Século XX. 



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