JOHAN ANDREAS DÈR
MOUW
(Países Baixos, 1863 – 1919)
Poeta, filósofo
***
SOU BRAMANISTA. MAS ESTAMOS SEM CRIADA
Em casa faço aquilo que inda sei fazer:
Largar as águas e em seguida a jarra de encher;
Mas não há toalha e
fica a água derramada.
Não é tarefa de homem isso, me diz ela,
E eu sinto-me sem jeito e até mo levo a mal,
Ao ver pagar co'as maravilhas da panela
O modo aselha que é
o meu habitual.
E não me canso de louvar a Quem se alarga
Em luz do mundo, em
artes e em saber:
Sempre que a malga das papas ela me traga,
E eu veja as pontas
dos dedos dela a fender,
sinto uma mesma, uma única adoração
por Bach, o Sol e
Kant e os calos dessa mão.
Tradução: Fernando
Venâncio
in “Uma Migalha na
Saia do Universo” - Antologia da Poesia Neerlandesa do Século XX.
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