SIMONE WEIL
(França, 1909 – Reino Unido, 1943)
Escritora,
filósofa
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Em
1934, com 25 anos, Simone Weil decidiu interromper a carreira de professora de
liceu para se aproximar da “vida real”. A vida real era, para ela, a situação
dos operários nas fábricas: oprimidos, humilhados, embrutecidos pelas condições
laborais.
Durante um ano, a produzir à peça, em luta com enxaquecas crónicas e
com a sua imperícia natural, passa sucessivamente por uma fábrica de construções,
por uma metalurgia e por uma oficina da Renault. Nos intervalos, junta-se às
filas de desempregados, passa fome e frio no seu quarto de bairro pobre e, pela
primeira vez, consente em maquilhar-se na esperança de ser contratada.
Esta experiência
operária, que a marcará para o resto da vida, é meticulosamente registada num caderninho
que mais tarde será o livro La Condition Ouvrière.
in “Mulheres Século XX”
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OPRESSÃO E LIBERDADE
«Atravessamos um desses períodos
em que tudo o que normalmente constitui uma razão de viver, se esbate e desaparece,
em que, a menos que queiramos afundar-nos na angústia, ou na inconsciência, tudo
deve ser posto em questão.
O triunfo dos movimentos autoritários e nacionalistas
abalou a esperança que, por toda a parte, havia sido depositada na democracia e
no pacifismo. Esta é porém apenas uma parcela do mal que nos aflige, mal bem mais
profundo e extenso.
Podemos ter dúvidas sobre a existência de um só ramo que seja,
da vida pública ou privada, cujas próprias fontes de actividade e da esperança,
não se encontrem envenenadas pelas condições em que vivemos».
in “Opressão e Liberdade” - 1955 (excerto)
Muito bom!
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