MANUEL BANDEIRA
(Recife, Brasil, 1886 - Rio de
Janeiro, 1968)
Poeta,
critico
***
Construiu uma das maiores
obras poéticas da moderna literatura brasileira. Durante toda a vida, fez
crítica de artes plásticas, crítica literária e musical para vários jornais e
revistas. Organizou várias antologias de poetas brasileiros.
Em 1954, publicou o livro de
memórias Itinerário de Pasárgada,
onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e
técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as subtilezas da
criação poética.
in “Academia Brasileira de Letras” (excerto)
***
PNEUMOTÓRAX
Febre, hemoptise, dispneia e suores nocturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse,
tosse.
Mandou chamar o
médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma
escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor,
não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa
a fazer é tocar um tango argentino.
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