segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MANUEL BANDEIRA - Pneumotórax



MANUEL BANDEIRA
(Recife, Brasil, 1886 - Rio de Janeiro, 1968)
Poeta, critico

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Construiu uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira. Durante toda a vida, fez crítica de artes plásticas, crítica literária e musical para vários jornais e revistas. Organizou várias antologias de poetas brasileiros.

Em 1954, publicou o livro de memórias Itinerário de Pasárgada, onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as subtilezas da criação poética.

in “Academia Brasileira de Letras” (excerto)

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PNEUMOTÓRAX

Febre, hemoptise, dispneia e suores nocturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:

— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.



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