segunda-feira, 31 de agosto de 2020

EU NUNCA FUI CANTADOR




EU NUNCA FUI CANTADOR

Eu nunca fui cantador,
Nem nos descantes achado;
Passo a vida a trabalhar,
Trago o meu corpo maçado.

A vida que te darei,
Já a podes ir sabendo;
Trabalharemos os dois,
Assim iremos vivendo.

Nesta vida de ganhão,
Nem se pode namorar;
De dia ganha-se o pão,
A noite é p’ra descansar.

Ó meu bem apaga a luz,
Apaga-a vai-te deitar;
Já passa da meia-noite,
São horas de descansar.

Canta amor, canta comigo,
Já qu’outra alegria não temos;
Basta termos a certeza,
Que nunca nos apartemos.



Cancioneiro Popular - Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos, filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem: pintura de José Malhoa (Caldas da Rainha, Portugal, 1855 – Figueiró dos Vinhos, 1933).


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