quinta-feira, 13 de março de 2014

Emílio Ballagas

 


Emílio Ballagas (1908-1954) nasceu em Camaguey, Cuba.

Foi poeta, ensaísta, jornalista e professor, licenciado em Pedagogia pela Universidade de Havana e doutorado em Filosofia e Letras.
Exerceu a docência durante vários anos.

Em 1931, publicou o primeiro livro de poesia, intitulado, “Júbilo e Fuga”.

Foi um poeta vanguardista, que revelou o seu talento, tanto na poesia tradicional como na poesia negra.

Algumas das suas obras: “Caderno de Poesia Negra”; “Sabor Eterno”; “Nossa Senhora do Mar”.

Ganhou vários prémios, entre aos quais: “Prémio Nacional de Poesia”; “Prémio do Centenário do Apóstolo José Martí”; “Menção Honrosa da Direcção de Cultura da Secretaria de Educação da República de Cuba”.

Emílio Ballagas  é considerado um dos mais apreciados poetas cubanos, pelo estilo delicado e esmerado, que utilizou na sua obra poética.

 
Palavras de Emílio Ballagas:

“A poesia para mim não é um ofício nem um benefício. É uma disciplina humilde, um facto humano que não posso recusar, porque ela me chamou com a mais terna das vozes, com uma inconfundível voz suplicante. Como poeta não me sinto uma pessoa  excepcional  e privilegiada.”

 

 
                     Poema Impaciente

 

 E se você chegar tarde,
                quando minha boca tiver
                  sabor seco de cinzas,
                  e de terras amargas?

 
                 E se chegar quando
       a terra removida e escura (cega, morta)
              chova sobre meus olhos,
           e desterrado da luz do mundo
               te busque em minha luz,
            na luz interior que eu achava
              que vinha fluindo em mim?
               (Quando talvez descubra
                   que nunca tive luz
       e ande tateando dentro de mim mesmo,
       como um cego que tropeça a cada passo
       com lembranças que ferem como cardos.)

 
             E se chegar quando já o tédio
                  ate e tape as mãos;
           quando não possa abrir os braços
           e fechá-los depois como as valvas
         de uma concha amorosa que defende
         seu mistério, sua carne, seu segredo;
             quando não possa ouvir abrir
             a rosa de seu beijo nem tocar
        (meu tacto murcho entre a erva hirta)
     nem sentir que nasce em mim outro perfume
                 que lhe responda ao seu,
                 nem mostrar a suas rosas
                    a cor das minhas?

 
E se você chegasse tarde e encontrasse (apenas)
               as cinzas gélidas da espera?

 

Emílio Ballagas, in “”Sabor Eterno”
Tradução: Alai Garcia Diniz e Luizete Guimarães Barros 

 

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