Emílio
Ballagas (1908-1954) nasceu em Camaguey, Cuba.
Foi poeta, ensaísta, jornalista
e professor, licenciado em Pedagogia pela Universidade de Havana e doutorado em
Filosofia e Letras.
Exerceu a docência
durante vários anos.
Em 1931, publicou o
primeiro livro de poesia, intitulado, “Júbilo e Fuga”.
Foi um poeta vanguardista,
que revelou o seu talento, tanto na poesia tradicional como na poesia negra.
Algumas das suas obras:
“Caderno de Poesia Negra”; “Sabor Eterno”; “Nossa Senhora do Mar”.
Ganhou vários prémios,
entre aos quais: “Prémio Nacional de Poesia”; “Prémio do Centenário do Apóstolo
José Martí”; “Menção Honrosa da Direcção de Cultura da Secretaria de Educação
da República de Cuba”.
Emílio Ballagas
é considerado um dos mais apreciados poetas cubanos, pelo estilo delicado
e esmerado, que utilizou na sua obra poética.
“A
poesia para mim não é um ofício nem um benefício. É uma disciplina humilde, um
facto humano que não posso recusar, porque ela me chamou com a mais terna das
vozes, com uma inconfundível voz suplicante. Como poeta não me sinto uma
pessoa excepcional e privilegiada.”
E
se você chegar tarde,
quando
minha boca tiver sabor seco de cinzas,
e de terras amargas?
a terra removida e escura (cega, morta)
chova sobre meus olhos,
e desterrado da luz do mundo
te busque em minha luz,
na luz interior que eu achava
que vinha fluindo em mim?
(Quando talvez descubra
que nunca tive luz
e ande tateando dentro de mim mesmo,
como um cego que tropeça a cada passo
com lembranças que ferem como cardos.)
ate e tape as mãos;
quando não possa abrir os braços
e fechá-los depois como as valvas
de uma concha amorosa que defende
seu mistério, sua carne, seu segredo;
quando não possa ouvir abrir
a rosa de seu beijo nem tocar
(meu tacto murcho entre a erva hirta)
nem sentir que nasce em mim outro perfume
que lhe responda ao seu,
nem mostrar a suas rosas
a cor das minhas?
as cinzas gélidas da espera?
Emílio Ballagas, in “”Sabor Eterno”
Tradução:
Alai Garcia Diniz e Luizete Guimarães Barros
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