sexta-feira, 14 de março de 2014

Tenho a Certeza de que Entre Nós Tudo Acabou

 

 
Tenho a Certeza de que Entre Nós Tudo Acabou

 
Tenho a certeza
De que entre nós tudo acabou.
Deixal-o!
Bemdita seja a tristesa!
- Não ha bem que sempre dure
E o meu bem pouco durou.

Não levantes os teus braços,
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
- Vou deixar-te... vou partir.

E se um dia te lembrares,
Dos meus olhos côr de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade,
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
N'aquella tarde cinzenta...

Adeus!

Quem fica soffre bem sei;
Mas soffre mais quem se ausenta!...


António Botto, in “Canções”


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