ADALGISA NERY
(Rio de Janeiro, Brasil, 1905 - 1980)
Poetisa
***
Desde
a infância demonstra forte sensibilidade poética associada a episódios
marcantes de sua vida, como a perda da mãe, aos oito anos.
Em
1952 torna-se a primeira mulher a receber a “Ordem da Águia Asteca”, por suas
conferências sobre a poetisa mexicana Juana Inés de la Cruz.
Apesar de acompanhar de
perto o movimento modernista nas décadas de 1920 e 1930, sendo musa de artistas
plásticos e escritores, o primeiro livro de Adalgisa Nery só é publicado em
1937, com o título Poemas. Este e o
livro seguinte, a Mulher Ausente, de
1940, levam a autora a ter sua obra comparada, pelo poeta Manuel Bandeira
(1886-1968), à obra da poetisa grega Safo de Lesbos (século VII a.C.), pelo
erotismo libertário, e do poeta português Antero de Quental (1842-1891), pelo
tom trágico.
in”
Enciclopédia Itaú Cultural”
***
Mistério
Há vozes dentro da noite que clamam por mim,
Há vozes nas fontes que gritam meu nome.
Minha alma distende seus ouvidos
E minha memória desce aos abismos escuros
Procurando quem chama.
Há vozes que correm nos ventos clamando por mim.
Há vozes debaixo das pedras que gemem meu nome
E eu olho para as árvores tranquilas
E para as montanhas impassíveis
Procurando quem chama.
Há vozes nas fontes que gritam meu nome.
Minha alma distende seus ouvidos
E minha memória desce aos abismos escuros
Procurando quem chama.
Há vozes que correm nos ventos clamando por mim.
Há vozes debaixo das pedras que gemem meu nome
E eu olho para as árvores tranquilas
E para as montanhas impassíveis
Procurando quem chama.
Há vozes na boca das rosas cantando meu nome
E as ondas batem nas praias
Deixando exaustas um grito por mim
E meus olhos caem na lembrança do paraíso
Para saber quem chama.
Há vozes nos corpos sem vida,
Há vozes no meu caminhar,
Há vozes no sono de meus filhos
E meu pensamento como um relâmpago risca
O limite da minha existência...
na ânsia de saber quem grita.
E as ondas batem nas praias
Deixando exaustas um grito por mim
E meus olhos caem na lembrança do paraíso
Para saber quem chama.
Há vozes nos corpos sem vida,
Há vozes no meu caminhar,
Há vozes no sono de meus filhos
E meu pensamento como um relâmpago risca
O limite da minha existência...
na ânsia de saber quem grita.
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