terça-feira, 27 de março de 2018

WALTER BENJAMIN - Há em toda a beleza uma amargura



WALTER BENJAMIN
(Alemanha, 1892 — Espanha, 1940)
Ensaísta, tradutor, filósofo

***
Estudou filosofia em Berlim, Munique e Freiburg e doutorou-se em Berna (Suíça) no ano de 1919, com a tese A Crítica de Arte no Romantismo Alemão

A ascensão de Hitler e do nazismo obrigaram-no a fugir de Berlim, em 1933. Residiu sobretudo em Paris, com passagens por Itália e por Espanha. O medo de ser entregue à Gestapo e as dificuldades em passar a fronteira entre França e Espanha conduziram-no ao suicídio em 1940. 

Como legado deixou-nos uma obra filosófica de uma impressionante actualidade, onde se cruzam os assuntos que tentava compreender e estudar: história, modernidade, arte, tecnologia, literatura dos séculos XIX e XX e a ascensão da cultura de massas, assim como numerosas traduções e análises literárias a Baudelaire, Brecht, Hölderlin, Kafka e Proust.


in “Assírio & Alvim” (excerto)

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Há em toda a beleza uma amargura

Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que é latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem na olhar obscura

Não fica igual aos vivos no que dura
e a não pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura

Ficando como Helena à luz do ocaso
a língua dos dois reinos não lhe é azo
senão de apartar tranças ofuscante

 Mas à tua beleza não foi dado
 qual morte a abrir teu juvenil estado
 crescer e nomear-se em cada instante?



Tradução: Vasco Graça Moura



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