STEPHEN CRANE
(EUA, 1871 – Alemanha, 1900)
Poeta
e jornalista
***
Considerado
o primeiro escritor norte-americano moderno, deixou uma obra literária de tal
qualidade que foi distinguido como um dos principais escritores dos Estados
Unidos no século XIX e o impulsionador do naturalismo que caracterizaria grande
parte da narrativa daquele país no século seguinte.
Desde muito jovem,
colaborou em jornais como forma de sobrevivência. Escreveu a sua obra mais
conhecida, The Red Badge of Courage
(1895), um romance ambientado na guerra de secessão, transformada em filme por
John Huston (1951). Cobriu como jornalista a guerra greco-turca (1897) e, um
ano depois, a guerra hispano-americana. Nessa época publicou uma de suas mais
célebres colecções de contos.
in “Biografias”
***
É boa a
guerra
Não chores, rapariga, é boa a guerra.
Lá porque o teu rapaz ergueu as mãos ao céu
E a galope o cavalo se perdeu,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Não chores, rapariga, é boa a guerra.
Lá porque o teu rapaz ergueu as mãos ao céu
E a galope o cavalo se perdeu,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Tambores de regimento rufam roucos,
E esta gente sequiosa
de lutar
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
A inexplicada glória os sobrevoa,
É grande o deus da guerra, e é seu reino
Um campo com milhares a apodrecer.
Não chores, criancinha, é boa a guerra.
Porque o teu pai tombou na lama da trincheira,
Esfacelado o peito e já sem vida,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Bandeiras crepitando esvoaçantes,
Águias douradas, rubras! Esta gente
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
Mostrai-lhe as eficácias do massacre,
Dizei-lhe a excelência de matar,
De um campo com milhares a apodrecer.
Mãe cujo amor é qual botão mesquinho
Na esplêndida mortalha do teu filho,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
A inexplicada glória os sobrevoa,
É grande o deus da guerra, e é seu reino
Um campo com milhares a apodrecer.
Não chores, criancinha, é boa a guerra.
Porque o teu pai tombou na lama da trincheira,
Esfacelado o peito e já sem vida,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Bandeiras crepitando esvoaçantes,
Águias douradas, rubras! Esta gente
Nasceu para a recruta e p’ra morrer.
Mostrai-lhe as eficácias do massacre,
Dizei-lhe a excelência de matar,
De um campo com milhares a apodrecer.
Mãe cujo amor é qual botão mesquinho
Na esplêndida mortalha do teu filho,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Tradução: Jorge de Sena
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