ALFREDO
BROCHADO
(Amarante,
Portugal, 1897 – Lisboa, 1949)
Poeta
***
Escreveu um livro, apenas, O Sangue dos Heróis (1921). O segundo, Bosque Sagrado (1949), editado postumamente, foi feito de versos recolhidos
pela mão amiga que os reuniu como num ramo perfumado, das páginas literárias de
jornais e revistas, preparado por Teixeira de Pascoaes e com notícia crítica de
Manuel Mendes. Nele se revela o poeta das névoas e das finas luzes do entardecer.
Os versos que nos deixou, quanto mais simples mais belos.
in “Dicionário da Literatura Portuguesa”
***
Senhora, porque me Deixas?
Senhora,
porque me deixas,
Quando eu te
não deixei?
Se me
deixas, minhas queixas
A quem é que eu as farei?
Senhora do
meu deserto,
Com alegria,
ou tristeza,
Mostra o
caminho mais certo
À minha grande incerteza.
Que a tua
boca me diga
Segredos,
intimidades.
Que a tua
voz seja amiga
De quem não tem amizades.
Porque me
deixas, senhora,
Depois de
ver-te a meu lado?
Em vez disso
melhor fora
Nunca te haver encontrado.
Senhora
porque me deixas
Com o teu
perfil esguio?
Se me
deixas, minhas queixas
A quem é que eu as confio?
Sem comentários:
Enviar um comentário