TOMÁS DA FONSECA
(Mortágua, Portugal, 1877 -
Lisboa, 1968)
Poeta, historiógrafo, professor
***
Cursou Teologia no Seminário de Coimbra. Tendo abandonado a carreira eclesiástica, tornou-se ardoroso arauto dos ideais republicanos e anticatólicos.
Publicou
versos, ensaios, romances e obras de historiografia. Estreou-se com Evangelho de Um Seminarista, 1903, e o
volume de poesias Deserdados.
Em
1909 publicou Sermões da Montanha, um
dos seus mais famosos livros.
***
AOS HUMILDES
Povo!
Hoje ainda, como há vinte, como há quinhentos séculos, o maior empenho dos tiranos
é afastar-te da verdade, conservando-te preso à mais afrontosa ignorância. Agora,
como então, há uma casta maldita que te impede o direito de seres livre, procurando
esconder-te da razão e da justiça, fazendo ao teu sentir e ao teu querer o mesmo
que tu fazes, no alambique, ao fermento da uva e do medronho, quando o queres destilar:
abafam-te.
Mas
uma coisa, enfim, deve animar-te. É que em volta de ti, já tudo canta e fraterniza.
De toda a parte surgem vozes que te mandam ser livre; vozes harmónicas, profundas,
que juntamente nos convidam a descer a noite da tua dor, onde mãos criminosas te
algemaram, para que nenhuma luz te alumiasse. E porque tuas ânsias tanto bradam,
eis-me portanto aqui. É esta a minha mão; aperta! Este o meu braço; arriba! E agora
escuta. (…)
in “ Sermões da Montanha”
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