quinta-feira, 16 de agosto de 2018

TOMÁS DA FONSECA – Aos Humildes



TOMÁS DA FONSECA
(Mortágua, Portugal, 1877 - Lisboa, 1968)
Poeta, historiógrafo, professor

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Cursou Teologia no Seminário de Coimbra. Tendo abandonado a carreira eclesiástica, tornou-se ardoroso arauto dos ideais republicanos e anticatólicos.
Publicou versos, ensaios, romances e obras de historiografia. Estreou-se com Evangelho de Um Seminarista, 1903, e o volume de poesias Deserdados.
Em 1909 publicou Sermões da Montanha, um dos seus mais famosos livros.

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AOS HUMILDES

Povo! Hoje ainda, como há vinte, como há quinhentos séculos, o maior empenho dos tiranos é afastar-te da verdade, conservando-te preso à mais afrontosa ignorância. Agora, como então, há uma casta maldita que te impede o direito de seres livre, procurando esconder-te da razão e da justiça, fazendo ao teu sentir e ao teu querer o mesmo que tu fazes, no alambique, ao fermento da uva e do medronho, quando o queres destilar: abafam-te.

Mas uma coisa, enfim, deve animar-te. É que em volta de ti, já tudo canta e fraterniza. De toda a parte surgem vozes que te mandam ser livre; vozes harmónicas, profundas, que juntamente nos convidam a descer a noite da tua dor, onde mãos criminosas te algemaram, para que nenhuma luz te alumiasse. E porque tuas ânsias tanto bradam, eis-me portanto aqui. É esta a minha mão; aperta! Este o meu braço; arriba! E agora escuta. (…)



in “ Sermões da Montanha”






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