MARGUERITE YOURCENAR
(Bélgica, 1903 – EUA, 1987)
Escritora, poetisa, tradutora
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As obras literárias de Yourcenar são notáveis pelo seu estilo clássico, a sua erudição e subtileza psicológica. Nos seus livros mais importantes, recria eras e personagens do passado, meditando sobre o destino humano, a moralidade e o poder.
A sua obra prima Memórias de Adriano é um romance histórico sobre as memórias fictícias do imperador do século II. Outro romance histórico, A Obra ao Negro é uma biografia imaginária de um alquimista e erudito do século XVI.
Em 1981 seria a primeira mulher eleita para a Academia Francesa.
Não se assumindo como fazendo parte de nenhuma corrente literária, Marguerite Yourcenar é mundialmente consagrada como uma das maiores escritoras contemporâneas.
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NUNCA SEREI VENCIDA
Nunca serei vencida.
Não o serei
senão à força de vencer.
Cada armadilha estendida
fechando-me cada vez mais
no amor
que acabará por ser o meu
túmulo,
acabarei a minha vida numa cela
de vitórias.
Sozinha,
a derrota encontra chaves,
abre portas.
A morte,
para atingir o fugitivo,
tem de se pôr em movimento,
perder essa fixidez
que nos faz reconhecer
que ela é o duro contrário
da vida.
Ela dá-nos o fim do cisne
atingido em pleno voo,
de Aquiles agarrado pelos cabelos
por não sabermos que sombria Razão.
Como a mulher asfixiada no vestíbulo
da sua casa de Pompeia,
a morte não faz mais do que prolongar
no outro mundo os corredores
da fuga.
A minha morte será
de pedra.
Conheço as passagens,
as curvas,
as armadilhas,
todas as minas da Fatalidade.
Não posso perder-me.
A morte,
para me matar,
terá necessidade da minha
cumplicidade.
Tradução: Maria da Graça Morais Sarmento
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