ARTHUR RIMBAUD
(França, 1854 - 1891)
Poeta
***
ADEUS
Sim,
ao menos a hora nova é severíssima.
Posso
dizer que tenho a vitória adquirida: o ranger de dentes, os silvos de
fogo, os suspiros pestilentos abrandaram. Todas as memórias imundas se apagam.
Vispam-se os meus últimos remorsos, - ciúmes dos mendigos, dos salteadores, dos
amigos da morte, dos ignaros de toda a sorte. - Malditos, se eu me vingasse!
Temos
de ser modernos absolutos.
Cânticos
nunca: manter o passo adquirido. Dura noite! O sangue seco fumeia no meu rosto,
e nada atrás de mim, só a arvorezinha horrível!... O combate do espírito
é tão brutal como batalha de homens; mas a visão da justiça é prazer só de
Deus.
Vigília,
no entanto. Recebamos todos os influxos de vigor e de ternura autêntica. E pela
aurora, armados com ardente paciência, entraremos na cidade esplêndida.
Falava
eu de mão amiga! Um bom proveito, é poder rir-me das velhas afeições enganosas,
e ferrar de vergonha esses casais de engano, - eu vi aquele inferno das
mulheres; - e ser-me-á dado
possuir a verdade dentro de uma alma e num corpo.
Tradução: Filipe Jarro
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