BEATRIZ COSTA
(Charneca do Milharado, Portugal, 1907
- Lisboa, 1996)
Actriz
de teatro e cinema
***
SEM PAPAS NA LÍNGUA
Não
vou falar aqui, no pórtico deste livro, Sem
Papas na Língua, de Beatriz Costa, artista de teatro e cinema, de sua
personalidade no palco, de uma carreira de triunfos no Brasil e em Portugal,
não vou relembrá-la como a vi fulgurante no Casino da Urca, no Casino Antárctica,
no Teatro Recreio, a emoção e o riso, os aplausos infindáveis. Seria ridículo
fazê-lo, quem não sabe de Beatriz e da importância de sua arte? Não falarei
tampouco da amiga devotada, encantadora. Aqueles que possuem o privilégio da
amizade de Beatriz Costa sabem da constância e da força de seu devotamento, a
amizade é sua religião.
Quero
dizer, isso sim, que com este livro ganhamos um memorialista de primeira ordem.
Do despojamento de qualquer pretensão nascem as qualidades múltiplas da autora.
Eu a vejo rodeada de amigos, quem mais soube fazer e guardar amigos?
Eu a vejo
rodeada de amor, do amor do povo. Dos povos, direi melhor, povo de Portugal,
povo do Brasil. Lá e cá, jamais a gente das ruas a tratou de ilustre artista,
de dona, de senhora, de distante e gloriosa figura. «Srª D. Beatriz», a
Beatrizinha, nascida do ventre fecundo povo, sua filha, sua irmã, sua mãe ao
recriá-lo, poderoso de raiva, desatado em riso, invencível no palco. Para
Beatriz Costa, palco e vida foram e são uma única coisa, indivisível.
Paris, Julho de 1974
JORGE
AMADO
in “Sem Papas na Língua” –
Memórias - 1974
(continua)
(continua)
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