JOÃO DE DEUS
(Silves, Portugal,
1830 - Lisboa 1896)
Poeta
***
ADEUS
A ti, que em astros desenhei nos céus,
A ti, que em nuvens desenhei nos ares,
A ti, que em ondas desenhei nos mares,
A ti, bom anjo! o derradeiro adeus!
Parto! Se um dia (que é possível flor!)
Vires ao longe negrejar um vulto,
Sou eu que aos olhos d'esta gente oculto
O nosso imenso desgraçado amor.
A ti, que em nuvens desenhei nos ares,
A ti, que em ondas desenhei nos mares,
A ti, bom anjo! o derradeiro adeus!
Parto! Se um dia (que é possível flor!)
Vires ao longe negrejar um vulto,
Sou eu que aos olhos d'esta gente oculto
O nosso imenso desgraçado amor.
Talvez as feras ao ouvir meus ais,
As brutas selvas, as montanhas brutas,
Concavas rochas, solitárias grutas,
Mais se condoam, se comovam mais!
As brutas selvas, as montanhas brutas,
Concavas rochas, solitárias grutas,
Mais se condoam, se comovam mais!
E lá d'aquelas solidões se aqui
Chegar gemido que uma pedra estala,
Que um cedro vibra, que um carvalho abala,
Sou eu que o solto por amor de ti...
Chegar gemido que uma pedra estala,
Que um cedro vibra, que um carvalho abala,
Sou eu que o solto por amor de ti...
De ti! que em folha que varrer o ar,
Em rama, em sombra que bandeie a aragem,
De fito sempre n'essa cara imagem
Verei, sorrindo, sentirei passar!
De ti, que em astros desenhei nos céus!
De ti, que em nuvens desenhei nos ares!
De ti, que em ondas desenhei nos mares,
E a quem envio o derradeiro adeus!
De fito sempre n'essa cara imagem
Verei, sorrindo, sentirei passar!
De ti, que em astros desenhei nos céus!
De ti, que em nuvens desenhei nos ares!
De ti, que em ondas desenhei nos mares,
E a quem envio o derradeiro adeus!
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