António Nobre (1867-1900) nasceu no Porto, Portugal.
Poeta vanguardista
da modernidade, foi considerado uma das mais importantes figuras do simbolismo
em Portugal.
Formou-se em Direito
na Sorbonne.
Fundou a revista
“Boémia Nova”.
Em 1892, publicou, em
Paris, o livro “Só”.
Postumamente, foram
editadas as obras “Despedida “ e “Primeiros Versos”.
Solitário e desencantado, foi o poeta da tristeza e da angústia de viver.
Palavras de António Nobre:
“Só, é o livro mais triste que há em
Portugal.”
Tempestade!
O meu beliche é tal qual o
bercinho,
Onde dormi horas que não vêm mais.
Dos seus embalos já estou cheiinho:
Minha velha ama são os vendavais!
Uivam os ventos! Fumo, bebo vinho.
O vapor treme! Abraço a Bíblia, aos ais...
Covarde! Que dirá teu Avozinho,
Que foi mareante? Que dirão teus Pais?
Coragem! Considera o que hás sofrido,
O que sofres e o que ainda sofrerás,
E vê, depois, se acaso é permitido
Tal medo à Morte, tanto apego ao mundo:
Ah! Fôra bem melhor, vás onde vás,
António, que o paquete fosse ao fundo!
Onde dormi horas que não vêm mais.
Dos seus embalos já estou cheiinho:
Minha velha ama são os vendavais!
Uivam os ventos! Fumo, bebo vinho.
O vapor treme! Abraço a Bíblia, aos ais...
Covarde! Que dirá teu Avozinho,
Que foi mareante? Que dirão teus Pais?
Coragem! Considera o que hás sofrido,
O que sofres e o que ainda sofrerás,
E vê, depois, se acaso é permitido
Tal medo à Morte, tanto apego ao mundo:
Ah! Fôra bem melhor, vás onde vás,
António, que o paquete fosse ao fundo!
António Nobre, in 'Só'
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