sexta-feira, 16 de maio de 2014

Se…

 
 
 

 Se…


Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,


Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,


Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,


Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,


Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,


Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,


Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,


Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,


E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,


Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,


Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!


Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo,


Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,


Se podes preencher todo minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,


Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo que nela existe


E não receies que te o tomem,

Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um HOMEM.

 
Rudyard Kipling

 

 

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