Sabíamos
do mar sem o sabermos
Sabíamos
do mar sem o sabermos,
do mar dos mapas, da cor azul do mar,
dos naufrágios no mar,
do sol solto no mar.
do mar dos mapas, da cor azul do mar,
dos naufrágios no mar,
do sol solto no mar.
Sabíamos do mar sem o sentirmos
nos poros dilatados pelo mar,
o verdejante mar escalando as montanhas
tão bruscas como o sal.
Sabíamos do mar em sinuosos sinos
assinalando a noite
com corações arrepiados,
abertos como mãos
sulcadas de cabelos e molhadas
de rugas e escamas.
Sabíamos do mar em signos, símbolos,
tropos e metáforas.
Sabíamos do mar?
Sabíamos o mar.
Sabíamos a mar
António
Rebordão Navarro, poeta português, in “Poemas”.
Ilustração: quadro de William Turner (1775-1851),
pintor do romantismo inglês.
Gostei !
ResponderEliminarObrigado, Arnaldo Norton. Boa noite.
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