Lygia Fagundes Telles nasceu
em São Paulo, Brasil, no dia 19 de Abril de 1923.
Frequentou a Universidade de Direito
de São Paulo, tendo obtido, em 1945, o grau de bacharel.
Em 1938, publicou o primeiro livro de
contos intitulado “Porão e Sobrado”.
Colaborou em revistas e jornais.
O livro de contos “Praia Viva”,
colocou-a na vanguarda do movimento pós-modernista.
O seu nome consta na colectânea “Os
Dezoito Melhores Contos do Brasil”, publicada em 1968.
Realizou inúmeras conferências,
destacando-se a que proferiu sobre a poesia de Carlos Drummond de Andrade.
É profundamente conhecedora da
Literatura Portuguesa.
Em 1976, integrou o grupo de
intelectuais que assinou o “Manifesto do Mil”, protestando contra a censura no
Brasil.
É membro da “Academia Paulista de
Letras”, da “Academia Brasileira de Letras” e da “Academia das Ciências de
Lisboa”.
Ganhou inúmeros prémios, entre os quais: “Prémio
Camões 2005”; “Prémio do Instituto Nacional do Livro”; “Prémio Jabuti da Câmara
Brasileira do Livro”.
Palavras
de Lygia Fagundes Telles:
“Enriqueço na solidão:
fico inteligente, graciosa e não esta feia ressentida que me olha do fundo do
espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias,
dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria
está instalada em mim.”
Excerto do conto “Herbarium”:
“Todas as manhãs eu pegava o cesto e me
embrenhava no bosque, tremendo inteira de paixão quando descobria alguma folha
rara. Era medrosa mas arriscava pés e mãos por entre espinhos, formigueiros e
buracos de bichos (tatu? cobra?) procurando a folha mais difícil, aquela que
ele examinaria demoradamente: a escolhida ia para o álbum de capa preta. Mais
tarde, faria parte do herbário, tinha em casa um herbário com quase duas mil
espécies de plantas. "Você já viu um herbário" - ele quis saber.
Herbarium, ensinou-me logo no primeiro
dia em que chegou ao sítio. Fiquei repetindo a palavra, herbarium. Herbarium.
Disse ainda que gostar de botânica era gostar de latim, quase todo o reino
vegetal tinha denominação latina. Eu detestava latim mas fui correndo
desencavar a gramática cor de tijolo escondida na última prateleira da estante,
decorei a frase que achei mais fácil e na primeira oportunidade apontei para a
formiga saúva subindo na parede: formica bestiola est. Ele ficou me olhando. A
formiga é um inseto, apressei-me em traduzir. Então ele riu a risada mais
gostosa de toda a temporada. Fiquei rindo também, confundida mas contente: ao
menos achava alguma graça em mim.
Um vago primo botânico convalescendo de
uma vaga doença. Que doença era essa que o fazia cambalear, esverdeado e úmido
quando subia rapidamente a escada ou quando andava mais tempo pela casa?”
Lygia Fagundes Telles, in
“Os Melhores Contos de Lygia Fagundes Telles”
Sem comentários:
Enviar um comentário