Ernesto Sabato (1911-2011) nasceu
em Rojas, Buenos Aires, Argentina.
Foi escritor, professor, poeta e pintor,
considerado um dos maiores intelectuais argentinos do século XX.
Teve uma actividade empenhada na defesa dos direitos humanos. Presidiu, em 1983, à “Comissão Nacional sobre Desaparecimento de Pessoas”.
Em 1961, publicou Sobre Heróis e Tumbas, um dos melhores romances argentinos do século XX.
Em 1984, venceu o “Prémio Cervantes de Literatura”.
Palavras de Ernesto Sabato:
"As modas são legítimas nas coisas menores, como o vestuário. No pensamento e na arte, são abomináveis."
“O homem não pode manter-se humano
a esta velocidade, se viver como um autómato será aniquilado.
A serenidade, uma certa lentidão, é tão inseparável da vida do homem como a sucessão das estações é inseparável das plantas, ou do nascimento das crianças.
Estamos no caminho mas não a caminhar, estamos num veículo sobre o qual nos movemos incessantemente, como uma grande jangada ou como essas cidades satélites que dizem que haverá. E ninguém anda a passo de homem, por acaso algum de nós caminha devagar?
Mas a vertigem não está só no
exterior, assimilámo-la na nossa mente que não pára de emitir imagens, como se
também fizesse zapping; talvez a
aceleração tenha chegado ao coração que já lateja num compasso de urgência para
que tudo passe rapidamente e não permaneça.
Este destino comum é a grande
oportunidade, mas quem se atreve a saltar para fora? Já nem sequer sabemos
rezar porque perdemos o silêncio e também o grito.
Na vertigem tudo é temível e
desaparece o diálogo entre as pessoas.
O que nos dizemos são mais números do que palavras, contém mais informação do que novidade.
A perda do diálogo afoga o
compromisso que nasce entre as pessoas e que pode fazer do próprio medo um
dinamismo que o vença e que lhes outorgue uma maior liberdade. Mas o grave
problema é que nesta civilização doente não há só exploração e miséria, mas
também uma correlativa miséria espiritual.
A grande maioria não quer a
liberdade, teme-a. O medo é um sintoma do nosso tempo. A tal extremo que, se
rasparmos um pouco a superfície, poderemos verificar o pânico que está
subjacente nas pessoas que vivem sob a exigência do trabalho nas grandes
cidades.
A exigência é tal que se vive
automaticamente sem que um sim ou um não tenha precedido os actos.
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