AUGUSTO
DOS ANJOS
(Paraíba, Brasil, 1884 — Leopoldina, Minas Gerais, 1914)
Poeta
A
sua poesia, muito pessoal e desligada de qualquer escola, traduz angústia, desespero,
cepticismo, obsessão da morte, tudo expresso numa linguagem violenta, carregada
de termos científicos, que contribuiu para radicalizar as opiniões em torno do
poeta. Materialista, não raro deixa ver, nos seus versos, uma nostalgia do
espiritual.
Principais
obras: Saudade, Eu e Outras Poesias.
in
“Enciclopédia de Cultura”
***
Palavras
de
Augusto dos Anjos
“A
mão que afaga é a mesma que apedreja”
PSICOLOGIA
DE UM VENCIDO
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A
influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à
ânsia
Que
se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come,
e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para
roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na
frialdade inorgânica da terra!
Sem comentários:
Enviar um comentário