quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

LOUISE WEISS - «A decana das feministas europeias»





LOUISE WEISS 
(Arras, França,1893 – Paris, 1983)

Escritora, feminista, política e jornalista

Com apenas 21 anos, já licenciada em Letras, foi convidada para assistente universitária. Estava-se nas vésperas da I Grande Guerra (1914-1918). Como muitíssimas outras raparigas, foi enfermeira durante a guerra, facto que a marcou profundamente, como relata nas suas Memórias. Era trágico ver massacrar e desaparecer amigos e colegas da sua idade. 

Em 1918, criou o seu próprio jornal, "L’Europe Nouvelle", que dirigiu até 1984. Assistiu, em 1918, à assinatura do Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial, com a consciência de que os vencedores se iriam digladiar em breve, como aconteceu. 

Vai abraçar apaixonadamente a causa dos checos emigrados que se queriam libertar do jugo do império austro-húngaro. 

Fundou em 1934 "La Femme Nouvelle", associação para a igualdade dos direitos cívicos entre franceses e francesas com o fim de obter legislação para que as mulheres tivessem direito ao voto. A inauguração da sua sede foi um acontecimento social, apesar da chuva. Foi a 6 de Outubro de 1934, em plenos Campos Elísios, em Paris. Na montra da frente afixou o mapa do mundo, onde estavam a todos os países em que as mulheres já votavam, acompanhado de uma legenda bem visível: "As americanas votam, as inglesas votam, as alemãs votam, as austríacas votam, as checas, as húngaras, as chinesas votam. As francesas não votam." À França, esse direito só chegará em 1944. 

Durante a II Guerra Mundial é secretária do comité de refugiados, desenvolvendo uma intensa actividade, sem nunca deixar de ser jornalista. De 1942 a 1944, dirige o jornal clandestino "Nouvelle République". 

Com mais de cinquenta anos, resolveu ‘vagabundear’ pelo mundo, como conta em Memórias de Uma Europeia, para conhecer como viviam e pensavam as mulheres dos outras continentes. Durante vinte e cinco anos visita o Extremo Oriente, a Ásia Menor, a África, o Alasca, a China, etc., escrevendo e filmando. 

Fundou em 1970, com Gaston Bouthoul, o "Instituto de Polemologia" e, nesse ano, em Estrasburgo, criou também o "Instituto das Ciências da Paz".

Em 1975, é admitida na Academia Francesa. Em 1979, concorreu às eleições europeias e obteve um lugar no Parlamento Europeu em Estrasburgo, no Grupo de Democratas Europeus pelo Progresso. Permaneceu no posto de deputada europeia até ao dia da sua morte. 

Começou a escrever as suas extensas memórias em 1968, um total de oito volumes onde recorda, numa escrita tão cativante quanto acessível, toda a sua vida e luta pelos direitos das mulheres e pela unidade europeia.

Morreu, com 90 anos, a 26 de Maio de 1983, tendo-lhe sido prestada uma homenagem a nível europeu com toda a solenidade. Ficou conhecida como «A decana das feministas europeias" e, com o seu nome, foi criada posteriormente uma fundação que procura seguir e preservar os valores da unidade europeia.


in “O Leme”


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