STEPHEN SPENDER
(Londres,
Inglaterra, 1909 – 1995)
Poeta, romancista e ensaísta
REGUM ULTIMA RATIO
As
armas inscreveram a última razão do dinheiro
A
letras de chumbo na encosta primaveril.
Mas
o rapaz que está morto sob as oliveiras
Era
jovem demais e por demais incauto
Para
ter sido notável a seus olhares importantes
Era
melhor alvo para um beijo.
Enquanto
viveu nunca esguios apitos de fábrica o convocaram
Nem
portas envidraçadas de restaurante rodaram para que ele entrasse
O
nome dele nunca veio nos jornais.
O
mundo mantinha a tradicional muralha
Em
torno dos mortos com seu oiro no fundo do poço
Enquanto
a vida dele, intangível como um rumor, flutuava ao largo.
Oh
com que leviandade ele atirou ao chão o barrete
Um
dia em que das árvores a brisa tirava pétalas.
Da
muralha sem flores brotavam armas ;
A
metralhadora colérica ceifava velozmente as ervas;
Bandeiras
e folhas tombavam das mãos e das árvores;
O
barrete de pano apodrece nas urtigas.
Considerai-lhe
a vida, que era sem valor
Em
termos de emprego, registos de hotel, notícias de jornal.
Considerai:
uma bala em dez mil é que mata um homem.
E
perguntai: era justificada uma tamanha despesa
Com
a morte de alguém tão incauto e jovem
Estirado sob as oliveiras, Ó mundo, Ó morte?
Tradução: Jorge de Sena
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