ALUÍSIO
DE AZEVEDO
(Maranhão, Brasil,
1857 - Argentina, 1913)
Romancista, caricaturista, jornalista e poeta
Aos
17 anos, parte para o Rio de Janeiro e começa a estudar pintura na Academia
Imperial de Belas Artes. Logo passa a colaborar, com caricaturas e poesias, em
jornais e revistas.
Em 1880, lança o romance Uma Lágrima de Mulher, em estilo romântico. Fortemente influenciado
pelas leituras de Eça de Queiroz e de Émile Zola, que lhe apontam um novo
caminho, publica em 1881 O Mulato, obra
que inaugura o Naturalismo na literatura brasileira. Por tratar-se de um libelo
contra a vida e os costumes maranhenses no período abolicionista, o romance
provoca violenta reacção da sociedade provinciana e do clero.
Na
carreira literária de Aluísio de Azevedo, podemos distinguir duas posições
estéticas simultâneas: de um lado, os romances românticos, que o próprio autor
chamava de "comerciais", destinados a alimentar os jornais e a
agradar a um público acostumado aos sentimentalismos e às extravagâncias da
moda; de outro, os romances "artísticos", em que o autor adere ao
espírito naturalista, produzindo verdadeiras obras-primas.
À linha folhetinesca
pertencem Memórias de um Condenado, Girândola dos Amores, Filomena Borges,
entre outros.
À linha artística pertencem os romances maiores de Aluísio: O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço,
considerada sua obra-prima, onde narra, em linguagem vigorosa, a vida miserável
dos moradores de duas habitações colectivas.
Há nas principais obras do
autor uma preocupação constante com a denúncia de situações sociais desumanas e
injustas, que o tornam, acima de tudo, um romancista social.
Fonte: L&M (excertos)
***
Palavras
de
Aluísio de Azevedo
“Triste
viagem é a da vida, que termina sempre por um naufrágio; ou da qual ainda
ninguém saiu sem levar a mastreação partida, o farol apagado, e as velas
estraçalhadas pelos terríveis vendavais que se encontram no caminho."
POBRE AMOR
Calcula,
minha amiga, que tortura!
Amo-te
muito e muito, e, todavia,
Preferira
morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!
Que
te não enterneça esta loucura,
Que
te não mova nunca esta agonia,
Que
eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!
Ah!
Quanto eu sofreria se alegrasses
Com
teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!
Persiste
na moral em que persistes.
Ah!
Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!
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