terça-feira, 21 de março de 2017

ALUÍSIO DE AZEVEDO - Pobre amor





ALUÍSIO DE AZEVEDO
(Maranhão, Brasil, 1857 - Argentina, 1913)

Romancista, caricaturista, jornalista e poeta


Aos 17 anos, parte para o Rio de Janeiro e começa a estudar pintura na Academia Imperial de Belas Artes. Logo passa a colaborar, com caricaturas e poesias, em jornais e revistas. 

Em 1880, lança o romance Uma Lágrima de Mulher, em estilo romântico. Fortemente influenciado pelas leituras de Eça de Queiroz e de Émile Zola, que lhe apontam um novo caminho, publica em 1881 O Mulato, obra que inaugura o Naturalismo na literatura brasileira. Por tratar-se de um libelo contra a vida e os costumes maranhenses no período abolicionista, o romance provoca violenta reacção da sociedade provinciana e do clero.

Na carreira literária de Aluísio de Azevedo, podemos distinguir duas posições estéticas simultâneas: de um lado, os romances românticos, que o próprio autor chamava de "comerciais", destinados a alimentar os jornais e a agradar a um público acostumado aos sentimentalismos e às extravagâncias da moda; de outro, os romances "artísticos", em que o autor adere ao espírito naturalista, produzindo verdadeiras obras-primas. 

À linha folhetinesca pertencem Memórias de um Condenado, Girândola dos Amores, Filomena Borges, entre outros. 

À linha artística pertencem os romances maiores de Aluísio: O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço, considerada sua obra-prima, onde narra, em linguagem vigorosa, a vida miserável dos moradores de duas habitações colectivas.

Há nas principais obras do autor uma preocupação constante com a denúncia de situações sociais desumanas e injustas, que o tornam, acima de tudo, um romancista social.


Fonte: L&M (excertos)

***

   Palavras 
de 
Aluísio de Azevedo

“Triste viagem é a da vida, que termina sempre por um naufrágio; ou da qual ainda ninguém saiu sem levar a mastreação partida, o farol apagado, e as velas estraçalhadas pelos terríveis vendavais que se encontram no caminho."


POBRE AMOR


Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!

Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!

Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!

Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!



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