LUÍS CARLOS DA SILVA, O PETROLINO
(Setúbal, Portugal, 1859 – (?)
Guitarrista
Ficou
a dever a alcunha de Petrolino ao
gorro que usara em novo, igual aos dos antigos vendedores ambulantes de
petróleo. Ainda rapazito, estava um dia entretido à janela a dedilhar uma velha
guitarra de cravelhas pertencente a um seu irmão, quando ali passou João Maria
dos Anjos, que ao ouvi-lo logo reconheceu nele uma marcada vocação para aquele
instrumento. A partir daí, com os ensinamentos daquele consagrado guitarrista,
ao lado do qual se apresentou em público no Teatro Príncipe Real (depois Teatro
Apolo) com apenas nove anos de idade, a carreira fulgurante de Petrolino havia de fazer dele o primeiro
guitarrista português de projecção internacional.
Fez parte da célebre Troupe Gounod, dirigida pelo grande
bandolinista Carlos Braga (que era cego e só tinha quatro dedos numa das mãos)
e integrado nesse conjunto de instrumentistas manteve-se a partir de 1899
durante quinze anos na Rússia, onde tocou para o Grão-Duque Sérgio, tio do
Czar, num espectáculo a que também assistiu o embaixador português junto da
corte de S. Petersburgo. E, com o mesmo conjunto, exibiu-se ainda em Berlim, em
Paris e Bordéus.
Petrolino,
que actuando na Legação da Inglaterra em Lisboa aquando da visita a Portugal de
Eduardo II, fora felicitado por este e pelo nosso Rei D. Carlos que muito
haviam apreciado a sua admirável execução,
distinguiu-se não só como instrumentista primoroso, que tocava como ninguém o
Fado Choradinho, mas também como autor de variações, em especial das que compôs
em Ré Maior e Ré Menor.
in “Lisboa, o Fado e os Fadistas – Eduardo Lucena
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