UM CASO DE POSSE DEMONÍACA
A 20 de Outubro de 1969, em Hamburgo, Krzysztof Penderecki estreia
a sua ópera Os Diabos de Loudun. É a
sua primeira incursão no género lírico, e para ela o compositor polaco escolheu
um tema pouco habitual neste campo: o da posse satânica.
Inspirado num romance
de Aldous Huxley, narra a ascensão e a posterior queda do jesuíta Urbain
Grandier, condenado à morte em 1634 por ter um servo do diabo e ter corrompido
as freiras do convento francês de Loudun. De facto, este tema é apenas um
pretexto para propor reflexões sobre a política, a religião ou o sexo aplicáveis
tanto à época em que se desenvolve a acção como à actual.
Estruturada em cenas
muito breves, a obra caracteriza-se por uma progressão dramática que alcança o
seu grau máximo no final de cada um dos três actos, progressão que, por outro
lado, acentua uma orquestração deliberadamente obscura, na qual participam
instrumentos tão pouco frequentes como a guitarra-baixo eléctrica.
in “Crónica da
Música”
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