ELEGIA
Pequeno poema de origem
grega (século VII a.C.), de natureza melancólica e triste, e distinto da poesia
lírica pelo seu ritmo próprio, quiçá o mais antigo depois da Epopeia. Horácio e
Dídimo aceitaram a Elegia como tendo sido no seu começo um canto de lamentação.
Embora no dizer de Costa Ramalho, as primeiras elegias conhecidas sejam as de
Calino e Tirteu, guerreiras, e, por conseguinte, de atitude de espírito oposto.
Na literatura portuguesa,
coube ao Renascimento ressuscitar a Elegia, esquecida durante toda a Idade
Média, dando-lhe uma certa importância no panorama da poesia lírica. E os
autores que mais cultivaram este género poético, foram Sá de Miranda, António
Ferreira, Pêro de Andrade Caminha, Camões, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da
Cruz.
O último poeta que
continuou em nossos dias o género da Elegia, foi Teixeira de Pascoaes, com o
seu livro Elegias, em que o autor de Marânus canta a morte de uma criança.
in “Literatura Portuguesa”
***
ENCANTAMENTO
Quantas
vezes, ficava a olhar, a olhar
A
tua doce e angélica Figura,
Esquecido,
embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!
E
à força de sorrir, de me encantar,
Diante
de ti, mimosa Criatura,
Suavemente
sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.
Que
inocência! que aurora! que alegria!
Tua
figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,
E
até meu próprio espirito cantava!
Nessas
horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!
TEIXEIRA DE PASCOAES(Amarante, Portugal,1877 – 1952), poeta,
in “Elegias”
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