ANNA
AKHMATOVA
(Odessa,
Ucrânia, 1889 – Leninegrado, Rússia, 1966)
Poetisa,
especialista em literatura e tradutora
Em 1941, com a II Guerra
Mundial, encontrava-se em Leninegrado. Tendo sofrido os horrores do cerco da
cidade, foi evacuada para Tachkent, onde continuou a escrever os seus poemas.
Porém, em 1946, o seu nome estava na lista dos «suspeitos do regime». Apesar de
todas estas obstinações, continuava a escrever, mas os seus livros só muito
mais tarde tiveram ordem de circular.
Pertenceu ao movimento
denominado de akmeísmo, corrente oposta
ao simbolismo e ao futuro, em voga naquele tempo. O seu nome figura ao lado dos
grandes nomes literários da sua pátria: Pasternak, Ivan Bunin e Alexandre
Tvarclovski. A tiragem das suas obras atingiu a cifra de oito milhões de
exemplares.
O seu filho foi preso em
1936. Dessa angústia nasceu o poema, em livro, Requiem.
in “Dicionário de Mulheres Célebres”
Palavras
de
Anna Akhmatova
“Era
uma época em que só os mortos sorriam, felizes na sua paz.”
O CANTO DO ÚLTIMO ENCONTRO
Sentia-me
sem forças, gelada,
mas
os meus passos eram leves.
Na
mão direita tinha a luva
da mão esquerda, ao partir.
Eram
realmente tantos degraus?
Eu
sabia que eram só três!
O
outono abraçava os plátanos
e murmurava: “Morre comigo!"
É
o meu destino
que
me enganasse e me traísse.
Eu
respondi: "Oh, meu amor!
Eu também...Contigo morrerei..."
Este
é o canto do último encontro.
Olhei
para a casa escura,
Só
no meu quarto, amarelo e indiferente,
ardia o fogo das velas.
Tradução: Manuel de Seabra
Sem comentários:
Enviar um comentário