VIRGÍNIA VITORINO
(Alcobaça,
Portugal, 1895 - 1967)
Professora,
poetisa e dramaturga
Trabalhou na Emissora Nacional
onde dirigiu o teatro radiofónico. Publicou vários livros de versos e peças
teatrais, muitas das quais foram levadas à cena no Teatro Nacional D. Maria II.
Recebeu o prémio Gil Vicente do SNI pela peça Camaradas. Tem vasta colaboração espalhada por jornais e revistas
portuguesas e brasileiras.
in “Biblioteca Nacional de Portugal” (excerto)
***
AMOR
O amor! O amor! Ninguém o definiu.
É sempre o mesmo. Acaba onde começa.
Quem mais o sente menos o confessa,
e quem melhor o diz nunca o sentiu.
Conhece a todos mas ninguém o viu.
Se o procuramos, foge-nos depressa.
Se o desprezamos, todo se interessa,
só está presente quando já fugiu.
É homem feito sendo criança.
E quanto mais se quer menos se alcança,
ninguém o encontra, e em toda parte mora.
Mata a quem dele vive. É sempre assim.
Só principia quando chega o fim,
morreu há muito e nasce a cada hora.
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