EUGÉNIO DE ANDRADE
(Póvoa
de Atalaia, Portugal, 1923 — Porto, 2005)
Poeta
ÚLTIMO POEMA
É
Natal, nunca estive tão só.
Nem
sequer neva como nos versos
do
Pessoa ou nos bosques
da
Nova Inglaterra.
Deixo
os olhos correr
entre
o fulgor dos cravos
e
os dióspiros ardendo na sombra.
Quem
assim tem o verão
dentro
de casa
não
devia queixar-se de estar só,
não devia.
in “Rente ao Dizer”
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