FRANCISCO JOAQUIM BINGRE
(Canelas,
Estarreja, Portugal, 1763 – Mira, 1856)
Poeta
Foi em 1790 um dos
fundadores da Nova Arcádia.
Escreveu poemas líricos,
tendo ocasionalmente cultivado também o poema herói-cómico, a ode, o drama
alegórico e a poesia de ocasião.
As suas melhores
composições encontram-se no volume O
Moribundo Cisne do Vouga, 1850.
A sua poesia, embora
dentro dos códigos do arcadismo neoclássico, acusa prenúncios de
sentimentalismo romântico.
in “Livro dos Portugueses” (excertos)
POETAS POBRES
Morreu
pobre o Camões, pobre o Garção;
Quita
e Matos viveram na pobreza;
Bocage
teve lances de escasseza,
Muitos dias sofreu falta de pão.
Santos
e Silva tinha uma ração
Do
Hospital na botica, por fineza.
Parece
que capricha a Natureza
Em
fechar à poesia a destra mão!
Aqueles
foram vates de alto espanto,
Que
deixaram no mundo eterno nome,
Muitas
vezes comendo o próprio pranto;
Tal
o Bingre mirrado se consome:
Se
os não pode imitar no doce canto,
Ele os imita vítima da fome.
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