CARLOS EURICO DA COSTA
(Viana
do Castelo, Portugal, 1928 — Lisboa, 1998)
Poeta
Participou, com Mário Cesariny. António Maria Lisboa e
Cruzeiro Seixas, na fundação do Grupo Surrealista.
Nunca deixaria de se mostrar fascinado e seduzido pelo
«surreal», embora nunca tenha aderido ao surrealismo.
Trabalhou em jornais diários antes de se tornar
profissional de relações públicas e de publicidade.
Obras principais: Sete
Poemas da Solenidade e Um Requiem, Aventuras da Razão, A Fulminada Imagem e A Cidade de Palaguim.
in “Portugal Século XX”
***
NESTE DIA MEU AMOR
Neste
dia meu amor
os
meus dedos são o candelabro que te ilumina
o
único existente.
E
o homem
sua
esfera perdida em mãos alheias
é
o objecto de malabarismo
o
insecto
voltejando
cega a luz que lhe irradiam
o
límpido cristal corrompido
o
defunto.
E
este patíbulo onde o próprio carrasco se enforcará
eu
o digo
será erguido como símbolo de todos os homens.
Aqui
a hora vai sendo longínqua meu amor e solene.
O
caminho é grande o tempo tão pouco
tenhamos
muita esperança e muito ódio
e
vítreas flores a ornar o teu cabelo
porque
serei o homem para as transportar
e tu a última mulher que as aceitará.
E
enquanto assim for
erguer-se-á
a nuvem de múltiplas estrelas
a
nebulosa
que
dizem estar a milhões de anos-luz
mas
não acreditemos bem o sabes
porque
em verdade a temos em nossas próprias mãos
oculta para a contemplarmos agora.
in “Sete Poemas de Solenidade e um Requiem”
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