EDITH SITWELL
(Reino Unido, 1887 – 1964)
Poetisa, crítica literária
***
A sua obra é caracterizada pela escolha de temas
tétricos, pelo recurso ao simbolismo e abstrusidades místicas a par de grande
complexidade, imaginação ardente, musicalidade e ritmo. Fez parte dos amigos de
Virgínia Woolf e foi amiga de numerosos escritores, pintores e músicos. Devido
ao desconhecimento do mundo, a sua obra é irrealista e, portanto, mais
apreciada entre os intelectuais do que entre o público.
in “ Dicionário de Mulheres Célebres” (excerto)
***
Palavras de Edith Sitwell
"Muitas vezes desejei ter tempo
para cultivar a modéstia. Mas estou ocupada demais pensando em mim mesma."
***
LÁGRIMAS
As minhas lágrimas eram o esplendor de Orionte com
sêxtuplos sóis e o milhão
De flores nas campinas do céu, onde os sistemas solares se põem
De flores nas campinas do céu, onde os sistemas solares se põem
- As rochas de imenso diamante a meio da clara vaga
Pelo orvalho de Maio e a matutina luz erguida, mais diamantes gerando,
Eu chorava pelas glórias do ar, pelos milhões de auroras
E os esplendores no coração do Homem com treva lutando,
Chorava pelas belas rainhas do mundo, como um canteiro de flores brilhando,
Agora colhidas, às seis, às sete, mas todas as manhãs da Eternidade.
Mas agora as lágrimas refluem e como horas tombam:
Choro por Vénus cujo corpo se mudou em cidade metafísica,
Cujo pulsar do coração é ora o som das revoluções - pelo amor mudado
Em caridade de hospital, em esperança dos sábios no futuro,
E pelo Homem ensombrado, essa complexa multiplicidade
De ar e de água, planta e animal,
Diamante duro, infinito sol.
Pelo orvalho de Maio e a matutina luz erguida, mais diamantes gerando,
Eu chorava pelas glórias do ar, pelos milhões de auroras
E os esplendores no coração do Homem com treva lutando,
Chorava pelas belas rainhas do mundo, como um canteiro de flores brilhando,
Agora colhidas, às seis, às sete, mas todas as manhãs da Eternidade.
Mas agora as lágrimas refluem e como horas tombam:
Choro por Vénus cujo corpo se mudou em cidade metafísica,
Cujo pulsar do coração é ora o som das revoluções - pelo amor mudado
Em caridade de hospital, em esperança dos sábios no futuro,
E pelo Homem ensombrado, essa complexa multiplicidade
De ar e de água, planta e animal,
Diamante duro, infinito sol.