A Sombra
da Morte
A morte
entra e sai
da taberna…
Passam cavalos pretos
entra e sai
da taberna…
Passam cavalos pretos
e gente
sinistra
pelos fundos caminhos
da guitarra.
E há um cheiro de sal
e de sangue de fêmea
nos nardos febris
da beira-mar.
A morte
entra e sai,
da taberna.
pelos fundos caminhos
da guitarra.
E há um cheiro de sal
e de sangue de fêmea
nos nardos febris
da beira-mar.
A morte
entra e sai,
da taberna.
São os versos
do segundo andamento, «Malaguenha»,
da Sinfonia nº 14, op. 135, de Dmitri Chostakovitch.
Tomados de Federico García Lorca, como os do De profundis inicial, reflectem perfeitamente o tema que impregna
toda esta partitura, desde a primeira até à última nota: a morte.
O resto dos
poemas, devidos a Appolinaire, Küchelbecker e Rilke, abunda neste mesmo tema, verdadeira obsessão de Dmitri Chostakovitch da sua última época, cada vez mais fechado sobre
si mesmo.
A estreia da obra tem lugar a 29 de Setembro de 1969, em Leninegrado.
O acolhimento é favorável apesar de nem todo o público compreender a linguagem da
música.
in”Crónica da
Música”
Imagem: Federico
García Lorca, por Emily Tarleton
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