quinta-feira, 28 de junho de 2018

A SOMBRA DA MORTE




A Sombra da Morte

A morte
entra e sai
da taberna…
Passam cavalos pretos
e gente sinistra
pelos fundos caminhos
da guitarra.
E há um cheiro de sal
e de sangue de fêmea
nos nardos febris
da beira-mar.
A morte
entra e sai,
da taberna.

São os versos do segundo andamento, «Malaguenha», da Sinfonia nº 14, op. 135, de Dmitri Chostakovitch. Tomados de Federico García Lorca, como os do De profundis inicial, reflectem perfeitamente o tema que impregna toda esta partitura, desde a primeira até à última nota: a morte. 
O resto dos poemas, devidos a Appolinaire, Küchelbecker e Rilke, abunda neste mesmo tema, verdadeira obsessão de Dmitri Chostakovitch da sua última época, cada vez mais fechado sobre si mesmo. 
A estreia da obra tem lugar a 29 de Setembro de 1969, em Leninegrado. O acolhimento é favorável apesar de nem todo o público compreender a linguagem da música.


in”Crónica da Música”
Imagem: Federico García Lorca, por Emily Tarleton


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