O Jogo
da Vida e da Morte
A
2 de Dezembro de 1949, Leonard Bernstein, à frente da Orquestra Sinfónica de
Boston, dirige a estreia da obra mais ambiciosa que até à data foi composta por
Olivier Messiaen: Turangalîla-symphonie.
Escrita entre 1946 e 1948, o título, como explica o seu criador, deriva de uma
palavra sânscrita: «Lîla quer dizer ‘jogo’,
mas jogo no sentido de acção divina sobre o cosmos, o jogo da criação e da destruição
(…) da existência e da morte. Turanga
é o tempo que corre, como um cavalo a galope (…) Assim, Turangalîla vem a significar algo parecido a um canto de amor, um hino
à alegria, ao tempo, ao movimento, ao ritmo, à vida e à morte.»
A obra surpreende
o auditório pela inusitada riqueza e originalidade das suas cores orquestrais e
também pela variedade e heterogeneidade da sua linguagem. Com efeito, em Turangalîla- symphonie encontram-se todas as constantes próprias do particular estilo
de Olivier Messiaen, desde uma profunda fé cristã até à fascinação pela serenidade
hindu, incluindo o seu interesse pelo timbre ou a sua paixão pelo canto dos pássaros.
in “Auditorium”
Imagem: escultura de Havajra
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