MÁRIO BEIRÃO
(Beja, Portugal, 1890 - Lisboa, 1965)
Poeta
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Pertenceu
ao grupo saudosista aglutinado à volta da revista A Águia, tendo-se estreado com o livro O Último Lusíada, 1913. Já então, a par das características saudosistas,
manifesta um tom populista precursor quer do telurismo de Miguel Torga quer do regionalismo
dos neo-realistas.
A primeira fase da sua obra compõe-se dos poemas integrados no
movimento Renascença Portuguesa. Na segunda fase canta sobretudo a paisagem alentejana
e a «ausência». A parti de 1940 tende para a exaltação do nacionalismo monárquico.
in “Portugal Século XX”
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Ausência
Nas
horas do poente,
Os
bronzes sonolentos,
—
Pastores das ascéticas planuras —
Lançam
este pregão ao soluçar dos ventos,
À
nuvem erradia,
Às
penhas duras:
—
Que é dele, o eterno Ausente,
Cantor
da nossa vã melancolia?
Nas
tardes duma luz de íntimo fogo,
Rescendentes
de tudo o que passou,
Eu
próprio me interrogo:
—
Onde estou? Onde estou?
E
procuro nas sombras enganosas
Os fumos do meu sonho derradeiro!
—
Ventos, que novas me trazeis das rosas,
Que acendiam clarões no
meu jardim?
— Pastores, que é do vosso
companheiro?
— Saudades minhas, que sabeis de mim?
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