sábado, 23 de junho de 2018

ELBERT HUBBARD – Uma carta para Garcia


ELBERT HUBBARD
(Bloomington, EUA, 1856 — ?,1915
Filósofo, escritor

***
Uma carta para Garcia

Em toda esta história da guerra de Cuba há um homem que sobressai na minha memória, como Marte no periélio.

Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e Estados Unidos, era premente comunicar-se rapidamente com o líder dos rebeldes cubanos. O General Garcia encontrava-se algures na fortaleza que constituem as montanhas agrestes de Cuba; ninguém sabia exactamente onde. Nenhuma correspondência ou mensagem telegráfica podia alcançá-lo. O presidente dos Estados Unidos devia assegurar, com a maior urgência, a sua cooperação.

O que fazer?

Alguém disse ao presidente:

“Há um homem chamado Rowan que encontrará Garcia, se é que alguém o pode encontrar.”

Rowan foi chamado e recebeu uma carta para entregar a Garcia.

Como o “homem chamado Rowan” pegou na carta, a guardou numa bolsa impermeável que prendeu sobre o coração, quatro dias depois desembarcou à noite numa lancha, ao largo da costa de Cuba, desapareceu na selva e três semanas mais tarde saiu pelo outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um território hostil e entregue a carta a Garcia, são coisas que tenho agora o desejo de relatar em detalhe. O ponto que quero ressaltar é o seguinte: McKinley deu uma carta a Rowan para entregar a Garcia; pegou na carta e não perguntou: “Onde está ele?”

Nenhum homem que já se tenha empenhado em realizar um empreendimento para o qual muitos outros tinham que colaborar deixou de ficar consternado, por vezes, com a imbecilidade do homem comum – a incapacidade ou indisposição de se concentrar numa coisa e fazê-la. A ajuda desleixada, a desatenção tola, a indiferença desmazelada e o trabalho feito com medíocre entusiasmo parecem ser a regra; nenhum homem tem sucesso se não recorrer a todos os meios, se não ameaçar, forçar ou convencer os outros a ajudá-lo, a não ser que Deus, na Sua bondade, realize um milagre e envie um Anjo de Luz como seu assistente.



in “Uma carta para Garcia”

Nota: Elbert Hubbard e a sua segunda esposa, Alice Hubbard, morreram a bordo do navio de passageiros britânico RMS Lusitania, quando foi torpedeado por um submarino alemão na costa da Irlanda e afundado no oceano Atlântico, em 7 de Maio de 1915.



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