ALEXANDRE PINHEIRO TORRES
(Amarante, Portugal, 1923 – Cardiff, Reino Unido, 1999)
Escritor,
historiador de literatura, poeta
***
O Poeta não sabe
Talvez
as palavras nada mais digam do que
as
letras que as compõem Uma jornada
através
de um discurso familiar? Um poema
para
ser cantado ou lido de pé? Como?
Noites
e noites aguento o vosso olhar parado
lâmpadas
das ruas braille no escuro
Como
lê-lo? No poema todas as portas
estão
abertas e fechadas Sento-me com ele
longamente Melhor: sentemo-nos. Há um
tempo
imenso agoniava-me essa montanha
Alimentar
todas as bocas do mundo? Agora
ouço
apenas uma palavra de lâmpadas
que
me acena da rua Dependuro-me das
árvores
como um pássaro É densa a
floresta
de luz Uma criança dorme ignorante
da noite. Sou eu.
Apenas eu. E não sei braille
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