Alberto Girri (1919-1991) nasceu em Buenos Aires, Argentina.
Foi poeta, tradutor
e professor do ensino secundário.
Fez parte da geração dos anos 40.
Em 1946, publicou o seu primeiro livro intitulado “ Playa
Sola”.
Colaborou no quinzenário
“Correio Literário”, no suplemento literário de “La Nacion” e na revista “Sur”.
Escreveu mais de trinta
livros de poesía e diversos livros de prosa.
Algumas das suas obras: “Coronación de la espera”; “Poesía de Observación”; “Poemas Elegidos”; “Quien habla no está muerto”; “Los Valores Diários”.
Algumas das suas obras: “Coronación de la espera”; “Poesía de Observación”; “Poemas Elegidos”; “Quien habla no está muerto”; “Los Valores Diários”.
Traduziu
poetas ingleses e americanos, tais como T.S. Eliot, Robert Frost , Wallace
Stevens.
Recebeu
inúmeros prémios, entre eles: “Primeiro Prémio Municipal de Poesia”, “Primeiro
Prémio Nacional de Poesia”, “Faixa de Honra da Sociedade Argentina de
Escritores”.
“Eu acho que uma coisa é o que o poeta pensa, ou julga pensar,
e outra é o que o
poema pensa. Criado pelo poeta, o seu poema é um
facto e um objeto novo, original
e autónomo, com seu próprio
pensamento. Obviamente, nem
é necessário compartilhar as ideias de
um poema para que nos pareça bom,
nem devemos culpar o autor
pelas ideias contidas no poema.”
O Desesperado
Deixem-no gritar
com seu penetrante
odor
de pródigo rondando
como um abutre
pelos pecados da
omissão.
Deixemos,
que a conformidade
oculta
é artigo de sua
vigília
fixa no amor.
Que a paz, peste de paz,
estímulo de negócios
para que agonizemos na cama
e de sua permanência ninguém se arrependa,
é seu intolerável fuste.
Que o nosso gemido,
vicioso presente
anquilosandoo resplendor do que somos,
impede reconhecer-nos
à imagem e semelhança.
Que o fundo de sua
dívida
é núpcias com a
imundície,onde o vinho fino, a gota de água,
a rosa inchada de azeite,
uma herança, descem a chorar.
Que a caridade que
obedecemos,
perjura respostaá sua única, devoradora solidão,
desconfia das obras.
Deixem-no gritar,
deixemos,
devotos pobremente
sensíveisda Segunda Pessoa
que por ele abrasa.
Tradução: António Miranda
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