Alberto Janes (1909-1971) nasceu em Reguengos de Monsaraz, Alentejo, Portugal.
Licenciou-se em Farmácia na Faculdade de Farmácia do Porto.
Foi professor de Ciências e administrador da Farmácia Estácio, em Lisboa.
Poeta e compositor conhecido internacionalmente, foi o autor de muitos dos grandes êxitos cantados por Amália Rodrigues.
Foi um dos precursores do verso sem métrica para o Fado.
Com o seu primeiro fado “Foi Deus”, iniciou uma carreira de poeta de grande sucesso.
Outros títulos inesquecíveis, cantados por diversos fadistas: “Vou Dar de Beber à Dor”; “Caldeirada”; “Lá na Minha Aldeia”; “Oiça lá ó Senhor Vinho”; “À Janela do Meu Peito”.
Alberto Janes foi um poeta do Fado.
Palavras de Alberto Janes:
“ Eu era um pândego com muita habilidade para a música. Quando os meus pais me mandaram aprendê-la, mal ouvia uma melodia tocava-a logo – não precisava de papel. Isto aliado à preguiça, nunca aprendi. E só mais tarde e por conta própria o vim a fazer – para não ter de pedir aos amigos para passarem ao papel as minhas músicas.”
Ao Poeta Perguntei
Ao poeta perguntei
como é que os versos assim aparecem
disse-me só, eu cá não sei
são coisas que me acontecem
sei que nos versos que fiz
vivem motivos dos mais diversos
e também sei que sendo feliz
não saberia fazer os versos
Oh, meu amigo
não penses que a poesia
é só a caligrafia num perfeito alinhamento
as rimas são, assim como o coração
em que cada pulsação nos recorda sofrimento
e nos meus versos pode não haver medida
mas o que há sempre, são coisas da própria vida.
Fiz versos como faz dia
a luz do sol sempre ao nascer
eu fiz os versos porque os fazia,
sem me lembrar dos fazer
como a expressão e os jeitos
que para cantar se vão dando à voz
todos os versos andam já feitos
de brincadeira dentro de nós.
Assim amigo já vês que a poesia
não é só caligrafia, são coisas do sentimento!
Alberto Janes
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