quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Camilo Castelo Branco

 

Camilo Castelo Branco (1825-1890) nasceu em Lisboa.

Escritor multifacetado, foi romancista, dramaturgo, crítico,  cronista, historiador, poeta, e tradutor.

Durante quarenta anos escreveu quase trezentas obras literárias, deixando um valioso legado de comédias, folhetins, poesias, prefácios, ensaios, traduções e cartas.

Viveu, exclusivamente, do seu trabalho como escritor.   

Colaborou  em diversos jornais e revistas literárias.

Em 1848, publicou o folheto ““Maria! Não me mates que sou tua Mãe” e, três anos depois, editou o primeiro romance intitulado : “Anátema”.

Outras obras do escritor: “O Morgado de Fafe em Lisboa”; “Amor de Perdição”; “A Queda dum Anjo”; “O Retrato de Ricardina”; “A Brasileira de Prazins”.

As adversidades da sua vida provocaram-lhe desânimo e tristeza, considerando que a desgraça estava escrita no seu destino, ao qual não podia fugir. A cegueira agravou esse sentimento.

Camilo Castelo Branco foi um dos escritores mais relevantes da literatura portuguesa do século XIX.


Palavras de Camilo Castelo Branco:
"Amigo é uma palavra profanada pelo uso e barateada a cada hora, como a palavra de honra, que por aí anda desvirtualizando a honra."



     O Anel

Dá-me um anel; mas que seja
Como o anel em que cingida
Tem gemido toda a minha vida.
Dá-me um anel; mas de ferro,
Negro, bem negro, da cor
Desta minha acerba dor,
Deste meu negro desterro!
 
 
Dá-me um anel; mas de ferro...
Sempre comigo hei-de tê-lo;
Há-de ser o negro elo,
Que me prenda à sepultura.
Quero-o negro...seja o estigma,
que decifre o escuro enigma,
Duma grande desventura.
 
 
Dá-me um anel; mas de ferro
Que resista mais que os ossos
Dum cadáver aos destroços
Do roaz verme do pó.
Entre as cinzas alvacentas,
como espólio das tormentas
Apareça o ferro só.
 
 
E o teu nome impresso nele,
Falará dum grande amor,
Nutrido em ânsias de dor,
Pelo fel da sociedade...
Que teu nome nele escrito,
Nesse padrão infinito,
Vá comigo à Eternidade.

Camilo Castelo Branco, in “366 Poemas que Falam de Amor”.
Ilustração: Retrato de Camilo Castelo Branco pelo pintor João Duarte Freitas 
 



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