Agatha
Christie (1890-1976)
nasceu no Reino Unido.
Filha de pai americano e de mãe
inglesa, passou a infância em Devonshire, que serviu de cenário a muitos dos
seus livros.
Escreveu empolgantes ficções
policiais, criando personagens, tais como o detective belga Hercule Poirot, o superintendente Battle, Ariadne Oliver, Miss Marple. Parker Pyne,
Tommy e Tuppence.
Usava um estilo sóbrio e simples, evidenciando
um profundo conhecimento da psicologia do comportamento.
A sua obra, mais de oitenta livros,
permanecerá no património cultural internacional, na qual se pode analisar o
retrato de uma época.
Alguns dos seus romances: O Assassinato de Roger Ackroyd, O Estranho Caso da Velha Curiosa,
O Destino Desconhecido, O Caso dos Dez Negrinhos, Cai o Pano, Um Crime no
Expresso do Oriente.
A peça teatral A Ratoeira foi representada em mais de 25 países.
Até
hoje, é a romancista policial mais brilhante e criativa, tendo vendido mais de
dois biliões de livros em todo o mundo.
Ficou
conhecida como a “Rainha do Crime”, “Duquesa da Morte”, entre outros títulos.
Palavras de Agatha
Christie:
“Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente,
desesperadamente, agudamente feliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de
tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional.”
Excerto da peça teatral A Ratoeira:
Fazia
muito frio. O céu estava escuro e pesado, descarregando neve.
Um
homem de sobretudo escuro, com o cachecol rodeando-lhe o rosto e o chapéu
baixado sobre os olhos, desceu ao longo da Culver Street e subiu os degraus do
número 74. Premiu com um dedo a campainha da porta e ouvi-a retinir na cave.
Mrs.
Casey, atarefada, com as mãos dentro do tanque de lavar a roupa, gritou
azedamente:
-
Maldita campainha! Não há meio de ter sossego!
Arfando
ligeiramente co asma, arrastou-se pelas escadas acima e abriu a porta.
O
homem que se achava, em contraluz, recortando-se na entrada, perguntou, num
sussurro:
-
Mrs. Lyon?
-
Segundo andar – indicou Mrs. Casey. – Pode subir. Ela está à sua espera?
O
recém-chegado acenou afirmativamente com a cabeça, num movimento lento.
-
Muito bem – consentiu ela. – Suba e bata-lhe à porta.
Observou-o,
enquanto ele subia as escadas atapetadas. Mais tarde, diria a seu respeito:
-
«Causou-me uma estranha impressão!»
Porém,
naquele momento, apenas pensara que o sujeito devia estar com uma tremenda
constipação, a fungar daquela maneira, e a verdade é que o tempo estava para
isso.
Quando
o homem atingiu o patamar do segundo piso, começou a assobiar baixinho. O tom
musical era o da canção «Três Ratos Cegos». (…)
Agatha
Christie, in “A Ratoeira”