Filho de pai português e mãe espanhola
viveu os primeiros anos em Bilbau. Vieram todos para Portugal, em 1837, devido à
guerra civil em Espanha.
Poeta, ensaísta, tradutor e memorialista,
foi um dos últimos representantes do
Romantismo em Portugal.
Traduziu obras de Shakespeare, Vítor Hugo,
entre outros autores.
Em 1866, publicou o famoso poema “Paquita”.
Alguns dos seus livros: “Cantos e Sátiras”;
“Poesias”; “Versos”; “Flores Agrestes”; Canções da Tarde”; “O Livro do Monte”.
Escreveu livros de memórias, que retratam a vida política e cultural portuguesa na segunda metade do século XIX.
Foi sócio da Academia Real das Ciências de
Lisboa.
Anjo
Caído
Na flor da vida, formosa,
ingénua, casta, inocente,
eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
para o abismo fatal?
Viste um dia o sol de abril;
o teu seio virginal
sorriu alegre e gentil.
Ergueu-se aos clarões suaves
d'aquela doce alvorada
a tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
que desprendiam as aves,
e no teu cândido seio
quanto amor, quanta ilusão
alegre pulava
então.
Mal haja o fatal destino,
maldita a sinistra mão,
que em teu cálix purpurino
derramou fera e brutal
esse veneno
fatal.
Hoje és bela; mas teu rosto
que outrora alegre sorria,
é todo
melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
para ti brilha no céu;
mal haja quem te
perdeu!
Bulhão Pato
Ilustração:
retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro.
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