Um sonho
Em sonho me disse o lavrador; “Faze teu pão.
Não contes mais comigo, cava a terra e semeia”.
Disse-me o tecelão: “Tua roupa, faze tu mesmo”.
E me disse o pedreiro: “Pega a colher de mão”.
Sozinho, abandonado por todo o gênero humano,
Cujo implacável anátema por toda a parte arrastava,
Ao suplicar aos céus pela piedade humana,
Diante do meu caminho leões, atentos, encontrei.
Os olhos abri, não crendo que fosse real a aurora.
Valentes operários de construção, em suas escadas, assobiavam.
A felicidade conheci, e mais, no mundo onde vivemos
Ninguém se pode gabar de ser melhor do que outrem.
Daquele dia em diante, a todos passei a amar.
Não contes mais comigo, cava a terra e semeia”.
Disse-me o tecelão: “Tua roupa, faze tu mesmo”.
E me disse o pedreiro: “Pega a colher de mão”.
Sozinho, abandonado por todo o gênero humano,
Cujo implacável anátema por toda a parte arrastava,
Ao suplicar aos céus pela piedade humana,
Diante do meu caminho leões, atentos, encontrei.
Os olhos abri, não crendo que fosse real a aurora.
Valentes operários de construção, em suas escadas, assobiavam.
A felicidade conheci, e mais, no mundo onde vivemos
Ninguém se pode gabar de ser melhor do que outrem.
Daquele dia em diante, a todos passei a amar.
Sully
Prudhomme (1839-1907)poeta francês
Tradução: Cunha e Silva Filho
Imagem: quadro
de José de Ribera (1591-1652), pintor barroco espanhol.
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