Eugenio
Montale (1896-1981) nasceu em Génova, Itália.
Pertenceu à
escola da “poesia hermética” italiana, juntamente com Salvatore Quasimodo e
Giuseppe Ungaretti.Em 1925, publicou a sua primeira colectânea de poemas: Ossos de Sépia.
Foi colaborador da revista literária “Solaria”, na qual denunciava a realidade social e política de Itália durante o regime fascista.
Os seus
sentimentos de solidão, incredulidade e pessimismo em relação ao ser humano
foram-se debelando, ligeiramente, no decurso da sua obra.
Em 1975, recebeu o
“Prémio Nobel de Literatura”.
Palavras
de Eugenio Montale:
“Vós,
palavras, traís em vão o ataque secreto, o vento que sopra no coração. A razão
mais verdadeira é de quem cala.”
Madrigais
Privados
Deste
meu nome a uma árvore? Não é pouca coisa;
embora
não me resigne a ficar apenas sombra, ou tronco,
abandonado
num subúrbio. Eu o teu
dei a
um rio, a um longo incêndio, à minha sorte
cruel,
à confiança
sobre-humana
com que falaste ao sapo
que
saiu do esgoto, sem horror ou pena
ou
exaltação, ao alento daquele poderoso
e
suave lábio teu que consegue,
nomeando,
criar: sapo flores relva rocha —
carvalho
pronto a desfraldar-se sobre nós
quando
a chuva dispersa o pólen das carnosas
pétalas de trevo e a chama se levanta.
Eugenio Montale
Tradução: Geraldo H. Cavalcanti
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