segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Não te vejo

 
 
 

 
 
Não te vejo
 
Não te vejo. Bem sei
que estás aqui, atrás
de uma frágil parede
de ladrilhos e cal, bem ao alcance
da minha voz, se chamasse.
Mas não chamarei.
Chamarei amanhã,
quando, ao não te ver mais
imagine que continuas
aqui perto, ao meu lado,
e que basta hoje a voz
que ontem eu não quis dar.
Amanhã... quando estiveres
lá atrás de uma
frágil parede de ventos,
de céus e de anos.
 
 
Pedro Salinas, (1891-1951) poeta espanhol
Imagem: pintura de Leonardo da Vinci

 

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