Carta de Napoleão
Bonaparte a Josefina Bonaparte
Verona, 13 de Novembro de 1796
Não
te amo, nem um pouco; ao contrário, detesto-te. És uma tola, marota, desastrada
Cinderela. Nunca me escreves (*); não amas ao teu marido; sabes quanto prazer
tuas cartas me proporcionam, e nem por isso te dás ao trabalho de rabiscar-me,
casualmente, algumas linhas.
Que
fazes o dia todo, Madame? Que negócio tens assim tão importante que não te
deixa tempo para escrever ao teu devotado amante? Que afeição sufoca e põe de
lado o amor, o terno e constante amor que lhe prometeste? De que espécie pode
ser esse ente maravilhoso, esse novo amante que te absorve todos os momentos,
que te tiraniza os dias e te impede de dar qualquer atenção ao teu esposo?
Josefina, cuidado! Alguma bela noite, as portas se escancarão e aí surgirei.
Em
verdade, meu amor, estou inquieto por não receber notícias tuas; escreve-me com
urgência quatro páginas repletas de coisas agradáveis, que me encham o coração
de sentimentos aprazíveis.
Espero
poder em breve esmagar-te em meus braços e cobrir-te com um milhão de beijos
candentes com os do Sol do equador.
Bonaparte
***
(*)
A fim de não distrair Napoleão dos seus deveres, o Directório francês proibira
Josefina de escrever-lhe. Napoleão comandava, por essa época, o exército da
Itália, empenhado em libertar o país do domínio austríaco.
in ”Grandes Cartas da História”
– José Paulo Paes.
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