terça-feira, 24 de julho de 2018

CARTA DE NAPOLEÃO BONAPARTE A JOSEFINA BONAPARTE



Carta de Napoleão Bonaparte a Josefina Bonaparte


Verona, 13 de Novembro de 1796

Não te amo, nem um pouco; ao contrário, detesto-te. És uma tola, marota, desastrada Cinderela. Nunca me escreves (*); não amas ao teu marido; sabes quanto prazer tuas cartas me proporcionam, e nem por isso te dás ao trabalho de rabiscar-me, casualmente, algumas linhas.

Que fazes o dia todo, Madame? Que negócio tens assim tão importante que não te deixa tempo para escrever ao teu devotado amante? Que afeição sufoca e põe de lado o amor, o terno e constante amor que lhe prometeste? De que espécie pode ser esse ente maravilhoso, esse novo amante que te absorve todos os momentos, que te tiraniza os dias e te impede de dar qualquer atenção ao teu esposo? Josefina, cuidado! Alguma bela noite, as portas se escancarão e aí surgirei.

Em verdade, meu amor, estou inquieto por não receber notícias tuas; escreve-me com urgência quatro páginas repletas de coisas agradáveis, que me encham o coração de sentimentos aprazíveis.
Espero poder em breve esmagar-te em meus braços e cobrir-te com um milhão de beijos candentes com os do Sol do equador.

Bonaparte

*** 

(*) A fim de não distrair Napoleão dos seus deveres, o Directório francês proibira Josefina de escrever-lhe. Napoleão comandava, por essa época, o exército da Itália, empenhado em libertar o país do domínio austríaco.



in ”Grandes Cartas da História” – José Paulo Paes.


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