O Mar
Atirei ao verde verde
Atirei ao verde mar,
Atirei com meus sentidos
Onde pudera chegar.
Atirei e não matei.
Oh mal empregado tiro!
Oh mal empregado tempo
Que eu andei d´amores contigo.
O mar pediu a Deus peixes
Os peixes a Deus altura;
Os homens a liberdade,
As mulheres a formosura.
O mar pediu a Deus peixes
Para dar aos pescadores;
E eu peço a Deus saúde,
Para logra meus amores.
Oh menina tenha assento
Coma as areias do mar;
Que estes rapazes de agora
De nada se vão gabar.
Já passei o mar a nado
Nas ondas do teu cabelo…
Agora posso dizer
Que passei o mar sem medo.
Oh meu amor não embarques,
Olha o mar que não tem fundo;
Olha o mar é como os homens,
Que enganam a todo o mundo.
O meu amor foi-se, foi-se,
Sem se despedir de mim;
Do mar se lhe façam rosas,
Do navio um jardim,
Das velas uma açucena
Para se lembrar de mim.
Teófilo Braga – Cancioneiro Popular
Imagem: pintura de Amadeu Souza Cardoso (Amarante, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918).
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