Dalton
Trevisan (Curitiba, Paraná, Brasil,
1925)
Depois de ter sido jornalista e
crítico de cinema dedicou-se exclusivamente ao conto, tornando-se o maior mestre
brasileiro no género.
Instituído pelos governos
português e brasileiro em 1988, o “Prémio
Camões” distingue, anualmente, um autor que, pelo conjunto da sua obra,
tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da
língua portuguesa.
Entre 1946 e 1948, editou a
revista Joaquim, "uma homenagem a todos os Joaquins do
Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores,
críticos e poetas nacionais.
Palavras
de Dalton Trevisan:
“Nunca jamais pensei merecer tamanha distinção. A consciência
das minhas limitações como escritor proibiu-me sonhos mais altos. E agora, sem
aviso, o Prémio Camões.”
Minha Vida Meu Amor
Olha minha vida meu amor
Há muito não és mais meu
Toda a loucura que fiz
Foi por você
Que nunca me deu valor
Por isso perdeu tua mulher
E teus filhos
Não posso com esta cruz
Acho muito pesada João
Você vem me desgostando
A ponto de me por no hospício
Uma vez conseguiu
Mas duas não
Aqui ô babaca
De tuas negras
Que nem os filhos se interessou
De batizar na igreja
Você só vai no bar do Luís
Outro boteco não achou
Mais perto da tua família
Só me operei que você obrigou
Agora não presto
Já não sirvo na cama?
Quis fazer de mim
A última mulher da rua
Mas não deixei
Por tua causa amor
Eu morro pelada
Abraçada com os dois anjinhos
No fundo do poço
Amor desculpe algum erro
E a falta de vírgula
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